quinta-feira, 26 de setembro de 2013

O ESTUPRO


O prazer metálico de ser fálico que não fala nunca. Nunca me olha nos olhos, e não fala das dores dos meus séculos acumulados na alma. Por que não me olhas? A cela ao meu redor impede o toque dos vivos, estou morto para a humanidade  inteira e sua frieza insiste em querer afirmar a não existência do meu ser. Esta é tua tática diabólica, da não confirmação da minha existência, atravessando minha carne com o sepulcro dos teus olhos, com a lança das tuas tristezas todas e dos teus medos, e assim pensas que vai vencendo a ti mesmo, me matando todos os instantes, todas  as horas que pode, não olhando para aquilo que criaste, não vendo as tuas entranhas se debatendo no mundo, não enxergando a tua vida se debruçando na existência. Não , ser covarde das carruagens metálicas, me tira as pernas e me corta os braços, me cega os olhos e me amputa os dedos, me decepa o tesão de amar um homem de verdade e escreverei com meu sangue, e dançarei de joelhos, e farei da minha arte o meu caralho, para ainda assim te receber sorrindo o dia que na primeira fila teus olhos apreciarem os meus.

FC

Nenhum comentário:

Postar um comentário